19 de novembro de 2018
Postado por: Alexandre Batista
O Aeroporto Ministro Victor Konder, em Navegantes, encerrará 2018 com o melhor ano da história. O número de passageiros aumentou 31% em relação a 2017 e pode chegar perto de 2 milhões até o fim de dezembro.
Na mesma velocidade que as estatísticas decolam, porém, aumenta a pressão pela melhora na infraestrutura, que aguarda recursos federais para o terminal poder alçar voos mais altos.
Na semana passada o ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, Carlos Marun, prometeu investimentos de R$ 80 milhões para obras de ampliação do aeroporto. O dinheiro viria do Programa de Aceleração do Crescimento ( PAC).
Ele afirmou que o projeto já tem até data marcada para abertura de propostas, 15 de janeiro de 2019. A Infraero não confirmou o edital até o fechamento desta edição. Questionada sobre detalhes da licitação, a Secretaria de Governo não se manifestou.
Se confirmadas as promessas do ministro, a ordem de serviço para as obras será dada pelo novo governo. O terminal passaria dos 5,2 mil metros quadrados atuais para 13,7 mil. O pré-projeto prevê ainda triplicar o tamanho da atual – e apertada – sala de embarque e cria uma sala internacional. Hoje, os passageiros que voam para a Argentina usam um espaço adaptado.
Outra mudança é na área de locação de lojas e restaurantes, que aumentará de 855 para 1,3 mil metros quadrados.
As mudanças são necessárias para atender ao fluxo crescente de passageiros. No ano passado, por exemplo, a média de pessoas circulando pelo terminal em horário de pico foi de 676. Chegou a 830 em dias de maior movimento, um número muito acima do que comporta a atual estrutura.
A parte de check- in é pequena, falta espaço de embarque. “Precisamos urgentemente de um terminal novo em Navegantes para o aeroporto ser mais competitivo”, diz o secretário de Turismo de Blumenau, Ricardo Stodieck.
A executiva Jacqueline Gonçalves Daroci, usuária frequente do aeroporto, diz que faltam banheiros na área de pré-embarque, a esteira de bagagens é pequena e não há túnel para proteger os passageiros da chuva.
Ela viaja a trabalho duas vezes por mês e a lazer pelo menos duas vezes por ano.
Quando é período de férias e há mais voos, o local fica visivelmente lotado. “É cansativo e estressa qualquer passageiro em espera. Já melhorou muito, mas pelo fluxo de turismo na região, merece um espaço maior”, avalia Jacqueline.
O fato é que a infraestrutura de Navegantes não acompanhou o movimento. A Infraero fez melhorias pontuais, mas falta espaço.
De 2012 a 2017, um período de cinco anos, houve aumento de 311 mil passageiros, 800 a mais por dia. A média de ocupação das aeronaves vai de 85% a 90% nos voos domésticos. Nas rotas internacionais, que fazem ligação três vezes por semana com a Argentina, a média fica acima de 90%.
A chegada de companhias aéreas e a abertura de novas rotas, inclusive com retomada dos voos internacionais, foram responsáveis pelo boom, mas não vieram sozinhas. A região vive um crescimento de turistas, fruto da realidade econômica do país, que fez muitos brasileiros trocarem viagens para o exterior por roteiros nacionais.
De olho nesse mercado, a região investiu na atração do turismo interno. Movimentos como o Visite BC e Região, capitaneado pelo Convention & Visitors Bureau de Balneário Camboriú, viajaram pelo país nos últimos anos para apresentar o Litoral e o Vale do Itajaí como destino turístico.
Some-se a isso o case do Beto Carrero World, em Penha, que apostou no turista brasileiro nos últimos anos. O parque tem mantido média de crescimento anual de dois dígitos. Em outubro, por exemplo, o número de visitantes que chegou ao parque por via aérea avançou 14%.
“Navegantes está muito bem localizada em relação ao turismo. Quanto mais o turismo se vende, maior o interesse de conhecer. O Beto Carrero é um dos grandes chamarizes, assim como Itajaí, Balneário Camboriú, Blumenau. Quanto mais essas áreas demonstram seus atrativos, maior o movimento no aeroporto”, diz a superintendente da Infraero em Navegantes, Andrea Nandi.
O secretário de Turismo de Balneário Camboriú, Miro Teixeira, espera um upgrade na atração dos turistas internacionais com o início das operações da rota Navegantes/Foz do Iguaçu, a partir de dezembro. “Todo o ano, a cidade paranaense é destino de visitantes de 150 países diferentes, todo ano. E uma conexão pode ser o empurrão que faltava para que o litoral catarinense conquiste mercado além do Mercosul. Um destino turístico depende dessa conexão. Nossa região turística depende muito do aeroporto, e de opções de voo“, comenta o secretário.
Além do início das operações para Foz do Iguaçu, o terminal tem previsão de voos extras para Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro durante a temporada de verão.
O turismo pode ser o impulsionador dos meses de maior movimento do Aeroporto de Navegantes, mas não está sozinho. A demanda de negócios também traz um grande volume de passageiros e de cargas.
O Terminal de Cargas ( Teca) do aeroporto está entre os principais do Sul do país, é o maior de SC, com uma movimentação que oscilou nos últimos cinco anos entre 1,5 mil a 2 mil toneladas. Neste ano, ultrapassou em outubro a marca de 3 mil toneladas. Mais do que o peso, vale a movimentação financeira. Em 2017, o Teca Navegantes operou R$ 14,7 milhões em cargas de importação e exportação.
Desde junho, ele é operado pela PAC Logística e Hangaragem, empresa do Grupo Poly, com sede em Itajaí, que já gerencia terminais de carga aérea internacional nos aeroportos de Curitiba, Goiânia, Recife, São José dos Campos ( SP) e Vitória. A Infraero recebe R$ 993 mil mensais pela concessão, que prevê investimento de R$ 22 milhões na ampliação.
Curiosamente, a carga aérea de Navegantes chega prioritariamente pelo solo. A estrutura do aeroporto não comporta grandes aviões cargueiros. Assim, as encomendas são descarregadas em aeroportos como o de Guarulhos ( SP), e trazidas até Santa Catarina em caminhões. O problema poderia ser resolvido com uma nova pista.
O projeto existe há mais de 20 anos, mas aguarda recursos federais para terminar a fase de desapropriações.
O Ministério dos Transportes firmou, em janeiro do ano passado, um convênio de R$ 150 milhões com a prefeitura de Navegantes, para pagar as indenizações que faltam. O dinheiro seria enviado em quatro parcelas, até agora, nenhuma delas chegou.
O ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, Carlos Marun, disse que o governo federal prefere tratar agora com verbas factíveis, referindo-se aos R$ 80 milhões para o novo terminal de passageiros.
“Estou trabalhando agora com recursos mais realistas, com um investimento que muito melhorará e está adequado às condições financeiras da própria Infraero. Em Campo Grande também havia expectativa de uma ampliação de R$ 122 milhões. Não existe nesse momento, no Estado e na Infraero, capacidade financeira para um investimento dessa monta“.
Notícia do Portal NSC Total | Por Dagmara Spautz.