30 de agosto de 2022
Postado por: Alexandre Batista
Navegantes vive um processo de transição para diversificar os pilares econômicos para além dos tradicionais setores de logística – puxados pelas atividades do porto – e industrial, com a construção naval e a indústria pesqueira. A construção civil aparece como uma nova força, liderando a criação de novos empregos e estimulando novos negócios, como lojas, restaurantes e hotéis.
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Rodrigo Silveira, destaca que o aniversário de 60 anos da cidade será simbólico para marcar essa mudança de patamar na economia e da forma de viver em Navegantes. “É um momento de mudança de visão sobre a cidade, que deixa de ser apenas uma cidade-dormitório, uma cidade-sombra de Itajaí, e passa a ser uma cidade protagonista”, comenta.
Rodrigo lembra que Navegantes alcançou uma pujança no mercado logístico devido à localização privilegiada para armazéns e transportadoras, pela presença do porto e do aeroporto, e pela mão de obra qualificada disponível na região. Além disso, a cidade é reconhecida por ter uma indústria forte nas áreas naval, têxtil e da pesca, que hoje empregam mais de 8 mil trabalhadores.
A partir desse dinamismo, o secretário ressalta que agora as pessoas estão “descobrindo” a cidade também para morar, fazendo da construção civil uma nova mola propulsora do desenvolvimento. O setor vem crescendo e é o que mais cria novos empregos na cidade.
“A expectativa que nós temos para os próximos anos é que a construção civil seja um terceiro pilar, uma terceira força na economia da cidade, em virtude desse descobrimento de Navegantes como um local bom para investir e para viver”, avalia o secretário.
O reflexo do crescimento, segundo Rodrigo, é visto também na arrecadação do ITBI, imposto cobrado nas negociações de compra e venda de imóveis, e no comércio local, com a abertura de novos negócios. Ele completa que o município também tem feito a sua parte, atuando na desburocratização do processo de abertura de empresas.
A indústria da pesca também está na base da economia de Navegantes, que integra a região do maior polo pesqueiro do país, junto com Itajaí. Entre mais de 300 indústrias filiadas ao Sindicato dos Armadores e das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região (Sindipi), 45 armadores e oito indústrias estão instalados em Navegantes.
A cidade é sede da Costa Sul Pescados, que atua no setor há 33 anos atendendo o mercado nacional e exportação. A empresa emprega cerca de 500 funcionários e vem num ritmo de crescimento da produção nos últimos anos, mantendo novas contratações. Há vagas abertas para funções como auxiliar de produção, filetador e operador de serra.
Uma das maiores indústrias de beneficiamento de peixe do Brasil, a unidade da Camil em Navegantes é a maior processadora e enlatadora de pescados da cidade. A produção atende a demanda nacional, movimenta a atividade pesqueira da região e emprega mais de 1,2 mil pessoas.
Neste ano, até junho, Navegantes teve um saldo positivo de 638 vagas de trabalho, um recorde na geração de empregos formais, com carteira assinada. A construção civil puxou o resultado, respondendo por 56% do total, o que representa 358 empregos criados. A indústria aparece em seguida, com 126 vagas. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
O resultado deste ano, somado com o saldo de 1171 empregos de 2021, somam 1809 no período e, segundo o secretário de Desenvolvimento, demonstra o ritmo de crescimento contínuo da cidade. No geral, os setores que mais empregam são a indústria (9019 postos de trabalho), serviços (6128), comércio (4760) e construção (.767).
O maior crescimento na oferta de vagas, porém, tem sido na construção civil, que dobrou a participação nos últimos dois anos. O setor cresceu 17,53% em 2020, 14,41% em 2021 e 26% só no primeiro quadrimestre de 2022. A alta anual foi de 211% de novos empregos na construção, passando de 76 para 237 vagas.
Pela última divulgação do IBGE (2021), Navegantes foi a cidade com a maior alta do PIB em Santa Catarina, com índice de 22,5% e marca de R$ 4,68 bilhões na geração de riquezas, se tornando a 14ª economia do estado.
O PIB por pessoa, que é o total dividido pela população, também aumentou, chegando a R$ 57.504,74 ao ano. O resultado fez o município saltar 10 posições no ranking estadual, sendo o 19º na proporção de riqueza por morador.
Os dados são referentes a 2019 e ainda não mostram o avanço de 2020, a ser divulgado neste ano, e o de 2021, que deve sair no ano que vem. A expectativa do município é de que os novos números confirmem o fortalecimento econômico notado na prática, com a criação de empregos e o aumento da arrecadação.
As operações da Portonave, em Navegantes, alavancam a economia da cidade, estimulando diversos setores da cadeia logística de transporte e de armazenagem de cargas. O terminal que completa 15 anos em 2022 tem sido destaque frequente nos relatórios da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP).
Na última avaliação, referente ao primeiro semestre, a empresa obteve a melhor prancha média operacional entre os terminais que movimentam carga contêinerizada no país. A análise mede a eficiência do porto na movimentação de contêineres por hora. Na Portonave, o terminal atingiu a marca de 89 unidades por hora nos primeiros seis meses do ano, além de aumentar em 4,23% o número de mercadorias embarcadas em toneladas.
O diretor-superintendente administrativo da Portonave, Osmari de Castilho Ribas, comenta que a empresa vem de um constante trabalho para oferecer serviços de ponta e fomentar a competitividade no setor portuário. Há pelo menos 13 anos o terminal tem se destacado nacionalmente.
“Os números do primeiro semestre também são resultado disso. Embora já estejamos na casa dos 10,6 milhões de TEUs movimentados em toda a história da Portonave, trabalharemos para o nosso final de ano ser ainda melhor”, analisa. A empresa emprega diretamente 1055 pessoas e também têm uma relação importante e de proximidade com a comunidade.
Entre os profissionais, cerca de 70% são moradores da cidade. “Em 2007, iniciamos as operações, um grande marco para todos que aqui viviam. A cidade ganhou ainda mais vida. A chegada do porto fomentou os negócios e impactou positivamente em melhores condições de vida para todos. Temos orgulho de fazer parte dessa história”, ressalta Osmari.
Navegantes é referência nacional em construção naval e atende clientes de todo o país. O setor tem cerca de 20 empresas na cidade e vive um momento de recuperação gradativa pós-pandemia, com a oferta de empregos aquecida.
No estaleiro Indústria Naval Catarinense (INC), o diretor da empresa, Josuan Moraes Júnior, informa que são cerca de 120 vagas em aberto. As funções disponíveis são diversas, com vagas desde ajudantes até coordenador de produção, passando por encarregados, projetistas, desenhistas, pintores, soldadores e contadores.
As contratações buscam ampliar o quadro de funcionários para atender as demandas de novos projetos e contratos, incluindo reformas de ferry boats e atracadouros para o governo do Paraná, e necessidade de produção até o fim do ano. Só no INC, serão cerca de 300 profissionais diretos, o que reflete em torno de mil postos indiretos na cadeia produtiva.
“Essas contratações refletem a alta da demanda no setor. Todos os estaleiros da região estão contratando”, observa Josuan. Conforme o sindicato nacional do setor, a maioria das empresas está trabalhando com reparo naval, com a construção de novas embarcações concentradas em poucos estaleiros. A expectativa é de que, em breve, as encomendas sejam retomadas, reaquecendo a indústria.
Fonte: Matéria publicada pelo Jornal Diarinho por ocasião do aniversário de 60 anos do município.