5 de julho de 2013
Postado por: admin
A inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), desacelerou para 0,26% em junho, a menor desde junho de 2012 (0,08%), segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE. Em maio, havia sido de 0,37%. Mas, em 12 meses, acumula 6,70%, a taxa mais alta desde outubro de 2011 e acima do teto da meta do governo, que é de 6,5%. É a segunda vez este ano que o IPCA ultrapassa o limite — a primeira foi em março, quando chegou a 6,59%. No ano, o IPCA está em 3,15%.
Os transportes exerceram pressão no índice do mês, tendo em vista que, da deflação de 0,25% do mês de maio, foram para alta de 0,14%. As tarifas de ônibus em junho lideraram os impactos, com avanço de 2,61% em relação a maio, quando caíram 0,02%.
— Os ônibus foram o principal impacto, explicado por Rio, SP e Goiânia. Os dois primeiros têm grande peso no índice. Se os ônibus não existissem, o IPCA ficaria em 0,19%, a maior parcela do índice ficou com eles. Se o aumento dos ônibus tivesse vigorado o mês inteiro, certamente o aumento do IPCA seria maior do que foi — diz Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.
A alta reflete as variações nas cidades do Rio de Janeiro (5,09%) — cujo reajuste de 7,20% (acima da inflação oficial) vigorou de 1º a 20 de junho; São Paulo (4,67%), com reajuste de 6,75% em vigor de 2 20 de junho e em Goiania (2,90%), com reajuste de 11% em 22 de maio a 13 de junho.
Alimentos e bebidas tiveram desaceleração de 0,31% em maio para 0,04% em junho, o menor resultado desde julho de 2011, quando ocorreu deflação de 0,34%. É a quinta vez consecutiva que o grupo fica abaixo do mês anterior, mas o primeiro semestre fechou em 6,02%, bem acima do registrado no mesmo período do ano passado, quando ficou em 3,26%.
— Os alimentos estão caindo no mundo inteiro. No mês especifico de junho, podemos incluir outro fator: é muito provável que os protestos tenham tido grande peso para que os preços de junho tenham desacelerado. O comércio esteve fechado por muitos dias por conta dos protestos, o consumo estava retraído e a com a entrada da safra, os preços caíram. Eles tiveram menos demanda e os estoques subiram — comentou Eulina.
No mês de junho, os alimentos que exerceram a maior pressão foram: leite longa vida (4,60%), feijão preto (4,19%), leite em pó (3,04%), chocolate e achocolatados em pó (2,16%). Por outro lado, a cenoura ficou 18,53% mais barata no período, seguida pelo tomate (-7,21%), açaí (emulsão) (-6,37%), hortaliças e verduras (-6,35%) e cebola (-4,99%).
— O leite está em período de entressafra. Além disso, a Nova Zelândia está com problemas climáticos e a produção foi bastante afetada. A China está importando muito por conta do problema interno de contaminação no leite deles há alguns anos, o que gerou receio à população. Isso tem forçado o preço para cima — explicou a coordenadora do IBGE.
O resultado veio quase em linha com a previsão do mercado, que era de 0,25%, de acordo com a edição mais recente do boletim Focus. A projeção para o IPCA deste ano, ainda segundo o Focus, é de 5,65%.
A prévia da inflação oficial, o IPCA-15, havia apontado alta de 0,38% no mês passado, uma desaceleração em relação a maio. Em 12 meses até maio, o IPCA havia ficado em 6,50%, no teto da meta do governo.
Em seu Relatório de Inflação divulgado no último dia 27 de junho, o Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central afirma que, no curto prazo, a inflação em 12 meses ainda apresenta tendência de alta e o cenário futuro é desfavorável. O comitê avalia que o grande número de itens em alta e o próprio nível elevado da inflação contribuem para a sua resistência.
“O Copom destaca que, em momentos como o atual, a política monetária deve se manter especialmente vigilante, de modo a minimizar riscos de que níveis elevados de inflação, como o observado nos últimos doze meses, persistam no horizonte relevante para a política monetária”, afirma o documento.
Fonte: O Globo