16 de novembro de 2022
Por: Alexandre Batista
Mario Cezar de Aguiar, presidente da FIESC
A velha imagem da indústria representada por uma chaminé não corresponde mais à realidade do setor. Hoje ela é responsável por apenas 4% da emissão dos gases de efeito estufa no Brasil, enquanto as mudanças no uso da terra (49%), agropecuária (25%) e energia (18%) lideram as emissões, que ainda são integradas pelos resíduos (4%), conforme o Observatório do Clima.
Em tempos de COP 27, estes dados são ainda mais importantes, pois mostram que, com uma produção cada vez mais limpa e sustentável, a reindustrialização constitui uma grande oportunidade para o Brasil: ela agrega valor, gera empregos em todos os setores da economia, intensifica o uso de tecnologia e inovação e – como vimos – tem pouca participação nas emissões.
Nesse contexto, Santa Catarina, por seu perfil exportador, precisa estar atenta à descarbonização (reduzir e otimizar o uso de combustíveis fósseis – principais responsáveis pelas emissões). Tem que ter em mente o risco de mercados como o europeu e o norte-americano taxarem as emissões dos produtos que importam. Assim, a produção com matriz intensiva em energia renovável é um atributo ambiental, que se transforma em diferencial competitivo.
Eis um desafio que vira oportunidade: assegurar que o mercado global perceba que a matriz energética brasileira é composta em quase 50% por energias renováveis, enquanto no mundo essa participação é de 13,5%. Na matriz elétrica nacional, a geração de eletricidade é renovável em 84%. Outro dado relevante: em Santa Catarina, 38% do território é coberto por florestas nativas e 10% por reflorestamento, o que é positivo, pois são importantes “sequestradores” de dióxido de carbono.
É por tudo isso que a FIESC está presente na COP 27, no Egito. As indústrias que colocarem a descarbonização no centro de suas agendas têm ótimas perspectivas de avanço no mercado internacional. Estamos na direção correta. Santa Catarina é responsável por 4,4% do PIB nacional e contribui com apenas 1,2% das emissões de gases de efeito estufa. Com foco no aumento da eficiência dos processos e otimização do uso de recursos naturais, estamos conciliando produção industrial com conservação ambiental, em linha com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU.